Desde pequeno fui muito apaixonado pela natureza. Minha curiosidade sobre o tema sempre foi grande e muito estimulado pelos meus pais, tanto que na época de vestibular a escolha parecia tão óbvia que fiz provas em diferentes universidades para biologia. Mas como a vida é torta, acabei não aprovando em nenhuma e por mais de uma vez, fiquei esperando na fila alguma desistência. Por ironia, acabei sendo aprovado no único curso fora das biológicas: publicidade.
No geral, minha família tem uma veia artística e esportiva muito forte. Mesmo que muitos dos familiares não tenham seguido tais rumos de maneira profissional, parece que "está no sangue". Um tio meu chamado Carlinhos foi um artista plástico incrível e uma das pessoas mais criativas e talentosas que conheci na vida. Não sei por qual motivo, e nunca vou saber porque ele infelizmente já se foi, me deu de presente um tripé lindo, numa época que máquinas fotográficas eram coisa de rico e as digitais eram inimagináveis no Brasil. Esse tripé ficou guardado por anos numa gaveta.
Quando bate aquela falta de ânimo ou penso em desistir de algum projeto complicado, me lembro de todas essas pequenas histórias e acontecimentos. É quando a frase do filósofo espanhol José Ortega y Gasset faz todo o sentido do mundo. Ela diz que "eu sou eu e minhas circunstâncias. Se eu não a salvar, no hei de me salvar". E um filme se monta, em ordem cronológica, de toda a trajetória de minha vida até hoje.
Se não tivesse estudado publicidade jamais teria trabalhado em agências com pessoas geniais e aprendido sobre estética, harmonia, cores, direção de arte. Se não tivesse o incentivo com os esportes desde pequeno, talvez não cuidasse tanto da minha saúde, o que é essencial para o que faço. Se não tivesse rodeado de pessoas com veia artística talvez pensasse que nunca seria capaz de me expressar dessa maneira. Se não tivesse o estímulo dos meus pais talvez não teria todo o amor que tenho pela natureza.
Hoje, olhando pra trás, tenho a consciência que podemos chegar a lugares que gostamos por diferentes caminhos, tudo vai depender das circunstâncias. Vejo que tudo o que conecta minha trajetória desemboca diretamente na escolha de trabalhar com fotografia: a arte, a natureza, os esportes. Acho que por isso me sinta tão realizado ao pegar uma camera e encarar um mar tenebroso por uma foto. Gastar horas subindo uma montanha por um clique. Quebrar a cabeça para expressar em uma imagem minha visão do momento de forma única.
Todo esse esforço para ter o prazer de ver que ao menos uma pessoa no mundo foi transportada à aquele momento, que é o resumo de tudo o que me construiu.
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